Perry Rhodan nas brumas de Vênus
Quando eu era pequeno e mal tinha começado a ler, um dos meus programas favoritos era parar em algumas livrarias para olhar as novidades. Eu ficava encantado com as ilustrações das capas dos livros, especialmente os de terror, fantasia e ficção-científica, que eram meus gêneros preferidos.
Numa dessas ocasiões, eu me deparei com uns livrinhos (formato de bolso)
de capa preta cujo título tinha um design em forma de logomarca, que nem os
títulos de filmes de cinema nos cartazes. Em cada volume, essa logomarca
possuía uma cor. Essa foi a primeira coisa que me chamou atenção para essa
série. O título era: Perry Rhodan. A segunda coisa foram os desenhos na capa:
as ilustrações traziam robôs, astronautas, alienígenas, monstros, naves
espaciais e armas de guerra com design futurista, ou seja, tudo que me
despertava interesse. Eu pedi ao meu pai que comprasse um exemplar daqueles,
mas ele negou, alegando que era uma série “enorme” e que, além disso, eu
acabaria não lendo, porque, afinal de contas, eu só lia gibis – o que era
verdade.
Depois dessa ocasião, eu ainda vi esses livros algumas vezes – eles
ficavam expostos em totens giratórios, uma forma de promoção típica da Ediouro
– e pensava “Um dia eu leio isso”.
Muitos anos se passaram, décadas, na verdade, e eu finalmente comprei meu
primeiro exemplar de Perry Rhodan. Como, de fato, é uma série gigantesca,
semanal, que é publicada desde 1961 em seu país de origem, Alemanha, até hoje,
eu pesquisei uma forma de começar a ler (por onde começar) e aprendi que a
série é composta por ciclos que duram 50 volumes e que cada livro narra uma
“aventura”, digamos, vivida pelos personagens, Às vezes, essa aventura se
estende por dois livros ou mais. Trata-se de uma novela cujos capítulos são
semanais. É o delírio do Macedonio Fernández posto em prática, uma novela
infinita.
Cada livro é assinado por um autor. A série começou com dois autores se
revezando, Clark Darlton e Karl-Herbert Cheer (os deuses astronautas de Rhodan),
que recrutaram mais autores quando o editor impôs que a publicação fosse
semanal, e não quinzenal como os dois haviam inicialmente planejado.
O leitor profano consegue entender alguma coisa porque a introdução de
cada livro contém uma lista com os protagonistas daquele episódio e sempre há
alguns parágrafos que remetem a episódios anteriores. Basta que o leitor, antes
de iniciar a leitura, seja por que ciclo for, pesquise sobre a história daquele
ciclo, sobre o enredo como um todo, claro, e sobre quem é e o que faz cada
personagem.
Na minha pesquisa, eu descobri que algumas histórias se passavam num
planeta Vênus habitado por dinossauros. Pronto! Eu havia achado meu ponto de
partida. O que poderia ser melhor que exploradores espaciais enfrentando
dinossauros e demais perigos nesse planeta nublado, terra dos incas extraterrenos
do National Kid, pátria da deusa astronauta Orejona? Então o primeiro livro que
eu li foi o de número 8 (P8), Base em Vênus (autor: Kurt Mahr). Depois,
pulei para o vigésimo, Ameaça a Vênus (autor: Kurt Mahr), em seguida, o
vigésimo segundo, A Fuga de Thora
(autor: Clark Darlton), segui para o vigésimo terceiro, A Chave Secreta X
(autor: W. W. Shols), e fechei com o vigésimo quarto, Na Selva do Mundo Primitivo
(autor: Kurt Mahr).
Muito resumidamente, esse arco narra uma Guerra Fria em solo venusiano. Os
russos, que no enredo fazem parte do chamado Bloco Oriental, aproveitando-se da
ausência de Rhodan, partem para Vênus, com o intuito de conquistá-lo. No entanto,
acidentes de percurso acabam dividindo as tropas russas e se formam 3 facções, duas que se tornam inimigas e uma
neutra, que simplesmente decide começar uma nova vida em Vênus. No meio disso
tudo, Rhodan se vê obrigado a retornar a esse planeta para resgatar uma aliada,
a alienígena arcônida Thora, e impedi-la que tente retornar ao seu mundo de
origem por meio da antiga base que sua civilização criou em Vênus, o que
poderia chamar a atenção de civilizações desconhecidas e belicosas para o
planeta Terra, cuja civilização ainda se encontrava desunida e, a critério de
Rhodan, despreparada para uma eventual invasão alienígena.
Além dessa guerra hobbesiana, os terranos (assim são chamados os terráqueos
na série) têm que enfrentar os perigos do inóspito planeta: os pântanos
alagados por uma água densa e viscosa, selvas cuja vegetação é imensa e de
crescimento absurdamente rápido, sendo capaz de apagar qualquer rastro num
curto intervalo de tempo, e estegossauros, pterodátilos, tiranossauros e vermes
gigantescos. As batalhas são muito bem escritas e, por causa do cenário onde
são travadas, repleto de pântanos e selvas, remetem a um Apocalypse Now.
Esses cinco livros são carregados de muita ação e aventura, bem ao estilo pulp.
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Rhodan, Thora e R17 encontram um tiranossauro venusiano. |
Perry Rhodan influenciou bastante coisa na Ficção Científica. Para citar
alguns exemplos, Star Trek, logo de início, e as aventuras da Federação Galáctica
criadas por de Steven Caldwell.
Não sei se há mais livros cuja trama se passa em Vênus, estou
pesquisando, mas terminei de ler o número 74, O Pavor, que foi o livro
de estreia do autor William Voltz, muito elogiado pelos fãs da série (e, de
fato, tem um ótimo enredo), e comecei a ler um do 7º ciclo, O País das
Torres Azuis. É só o começo. Não tenho a pretensão de ler todos, mas
pretendo ler muitos e mergulhar no espaço profundo junto com os tripulantes da
Stardust.
Olá! O artigo escapou das minhas pesquisas diárias a um ano, mas li hoje! Legal e divertido... Espero que tenha mesmo lido mais livros. Eu sou um dos fãs do autor William Voltz, assim admirador do volume 74. E fica minhas saudações da outra série: Vida Louca e Próspera!
ResponderExcluirOi, Dioberto! Legal que você tenha gostado, obrigado. Então, desse tempo pra cá eu li vários outros, de diferentes ciclos, incluindo outros do Voltz, que é fantástico mesmo. Eu dou uma garimpada nos títulos dos volumes, leio a resenha e corro atrás pra ler. No momento, estou lendo o P33, "Mundo de gelo em chamas", do Darlton. Vida Louca e Próspera!
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