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Mostrando postagens de julho, 2022

Brincadeiras cabulosas de áureos tempos

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O tempo virou. Começou com uma ventania e, no meio da tarde, veio a chuva, trazida por uma frente fria que começou longe. Esse clima gótico e o fato de ser uma sexta-feira me encheram de nostalgia (ouça Remember a day , do Pink Floyd, e veja na sua tela mental aquele sol pálido e matutino de fotografia antiga ou de sonho). E esse aperto no peito me fez pensar em algumas brincadeiras sinistras que se fazia na infância. Crianças gostam de testar limites e desafiar o medo. Não era à toa que brinquedos de parque de diversão como o Trem Fantasma, a Casa das Bruxas e a famosa Konga (em São Paulo, Monga), a Mulher Gorila, eram concorridos e formavam-se filas imensas diante de suas entradas – eu ficava fascinado com as pinturas macabras da estrutura externa do Trem Fantasma do Tivoli Park, no Rio de Janeiro. Tinha vontade de levar para casa. Adoraria ter as paredes do meu quarto cobertas por aqueles desenhos sinistros.  Algumas dessas brincadeiras não tinham um nome, tal como as brincadeir...

O sobrenatural imita a arte

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  Quatro peças de um jogo de algures, por Adribas. Eu cresci imerso no mundo do horror, do sobrenatural, da fantasia e da ficção científica, lendo quadrinhos e assistindo a filmes desses gêneros. Nos quadrinhos, até eu aprender a ler, eu ficava viajando nos desenhos e tentando reproduzi-los, imitando toscamente com as minhas “canetinhas” Silva Pen ou Pilot os traços de um Corben, de um Wrightson e de tantos outros artistas que eu admirava. O que me chamava mais a atenção, nos quadrinhos e filmes, eram os monstros: lobisomens, vampiros, mortos-vivos, múmias, esqueletos ambulantes, criaturas disformes, duendes saltitantes, demônios, alienígenas, robôs (naquela época eu incluía os robôs no rol dos monstros; eu achava, por exemplo, que o Darth Vader era um robô). Eles inclusive eram meu requisito para assistir a algum filme no cinema: eu olhava os cartazes; se tivesse monstro, já despertava o meu interesse. Uma prima de minha avó, que estava passando uma temporada conosco e que passo...

A Era dos Bebês-diabo

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Entre o final dos anos 60 e metade dos anos 80 houve uma forte presença de bebês-diabo na cultura do nosso cansado planeta. Eles apareceram nos quadrinhos, no cinema, nas artes de capas de álbuns de heavy metal e até mesmo em manchetes de um controverso jornal de São Paulo de tendências sensacionalistas. Tudo parece ter começado com o filme  O Bebê de Rosemary , em 1968, adaptação de Roman Polanski para o cinema de um livro de Ira Levin. O bebê em questão é fruto de uma relação involuntária entre Rosemary e o próprio Satã, encarnado em seu marido, promovida por um culto de bruxos e bruxas. A intenção era trazer ao mundo o filho do diabo, que seria o rei e redentor de todos os perseguidos e queimados. Para decepção de muitos (não minha), o bebê-diabo não é mostrado, apenas Rosemary revela seu estranhamento a respeito dos olhos da criança (“O que fizeram com ele? O que fizeram com os olhos dele?”), ao que Steven, bruxo mestre do coven responde: “Ele tem os olhos do pai (...) Satã é o...

O Mescalito era um Poodle Bípede

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 Desenho: Poodle Mescalito, por Adribas. Poodles dançarinos me incomodam. Poodles dançarinos são aqueles poodles treinados para andar sobre as duas patas, eretos, como se fossem pessoas, em espetáculos de circo ou shows de variedades de TV. Na verdade, não é só o fato de eles andarem sobre as duas patas traseiras que me incomoda, mas a questão do estilo da tosa, no qual restam aqueles pompons de pelo nas pontas das orelhas, no topo da cabeça e na ponta do rabo, deixando-os com visual de “cachorro de madame” (ou de puxador de cortina. Uma vez, um amigo se aproximou da janela da minha casa, pegou a ponta do puxador da cortina, encostou na própria orelha e disse com uma expressão cínica: “Um poodle”. Eu e os demais presentes entendemos a piada, mas jamais compreendemos o porquê da performance, já que cães não tinham sido objeto do bate-papo daquela tarde.) Essas aparições são raras hoje em dia, já que a maioria dos circos parou de trabalhar com animais, porém, volta e meia eu aind...